quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Vidas que tocam (II)

Na minha rua vivia uma família numerosa. Uma família desestruturada. Era o que a sociedade apelida de família disfuncional. Uma mãe com uma catrefada de filhos, de vários pais, muitos gritos, polícia à porta com frequência e com acompanhamento da segurança social.

Ao que parece no passado a mãe já tinha entregue filhos a outras famílias e já fora ameaçada pela segurança social que lhe retirariam os 3 mais novos.

Nunca privei com esta família, mas as crianças eram presença constante no bairro. Corriam, brincavam como quaisquer outras crianças, e Dom Pimpolho gostava de estar com eles.

A mais nova, sempre que pressentia que andávamos a brincar por ali, aparecia como por magia. O meu filho emprestava lhe a bicicleta, e eu falava carinhosamente com a menina. Acho que ela gostava destes breves momentos.

Um dia destes soube que a mãe se pôs a andar. Desapareceu. E deixou os 3 menores na escola. Os técnicos da Segurança Social foram buscá-los.

Desde que soube da história é raro o dia em que não recorde estas 3 crianças. Onde estarão? Como se sentirão? Será que a mãe os foi buscar?

Que futuro lhes está reservado? Institucionalizados. Irão para adopção? E quem adopta crianças com 6, 9 e 10 anos? Três ao mesmo tempo?

Não é certamente caso único, mas toca-me particularmente porque conhecia estes miúdos…

1 comentário:

  1. Bah sinceramente...porque não fazer uma laqueadura? É sério, eu conheço as minhas limitações, se eu tivesse em uma situação do gênero, com um companheiro fértil, não pensaria duas vezes...

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