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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Números e mais números...

"Sabemos que a austeridade teve já resultados catastróficos na vida material (e na saúde e na morte) dos portugueses. Sabemos menos como ela afeta a prática da democracia. Muito pouco conhecemos dos seus efeitos na vida psíquica e espiritual e no nosso ânimo vital. A verdade é que se criou uma atmosfera com a ditadura das finanças que contamina e envenena a vida. Como no reino do Rei Ubu, «mestre das Phunanças».
O discurso incessantemente matraqueado sobre as «metas orçamentais», as percentagens das taxas de desemprego, de pauperização, da fome, os mil gráficos sobre toda a espécie de fenómenos sociais, fazem tudo passar pelos números. Estes rebatem-se sobre as coisas, sobre os pensamentos, os afetos, as relações entre os seres, sobre o prazer e a dor, sobre as ambições e os sonhos. Rebatem-se e absorvem-nos. O prazer deixa de existir em si, é condicionado e avaliado pelo seu custo, tornando-se mesmo o prazer do preço.
Não só se contêm os gestos, se reduzem os possíveis de uma vida, se encolhe a existência, se abafa ainda mais, mas é a própria textura dos sonhos que adoece, se limita e petrifica. Deixou-se de sonhar. É um assassínio do espírito."

José Gil In Visão nº 1053 (9 de Maio de 2013)

Manhas e artifícios

"O aumento do horário semanal de 35 horas para 40 horas representaria um aumento de mais de 128,4 milhões de horas de trabalho por ano, o que corresponde ao tempo de trabalho anual de cerca de 72.000 trabalhadores. É evidente que o governo e a "troika" pretendem também, com esta medida, criar artificialmente um elevado número de excedentários para assim ter uma justificação para realizar elevado número de despedimentos na Função Pública (...)"
 
Eugénio Rosa (economista) in Diário As Beiras nº 5943 (15.05.2013).
 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Síntese dos acontecimentos...

Ninguém sente segurança nos dias que correm. Todos temos medo do amanhã e do depois do amanhã... e no entanto novas medidas estranguladoras são anunciadas diariamente. Nós com medo calamos, acatamos... na esperança de segurar o "pão nosso de cada dia"!

Até quando?

Nestes links encontra-se uma boa síntese dos mais recentes planos do nosso governo:

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Repensar a realidade

O mundo em geral está num beco sem saída. Todo o sistema económico, político e até social necessitaria de ser repensado para podermos seguir em frente e não andarmos "atolados em lama e areias movediças cada vez mais vorazes". Mas o homem é um ser resisitente à mudança.

Alguns, poucos, dão se ao trabalho de reflectir, de propor alternativas e de as expor sem medos e receios. É o caso do sociólogo Luís Valente Rosa que em entrevista à Visão nos dá a sua perspectiva de algumas coisas que se poderiam mudar. Não posso dizer que me identifico com tudo o que expõe, muito menos afirmar que as suas ideias são viáveis (até porque apenas o conheço desta entrevista), mas gosto da sua frontalidade e coragem de pensar "fora da caixa".

Passo a citar alguns aspectos que considerei interessantes:

"[os alunos] precisam de uma educação cívica e humanística que una os homens em vez de uma formação que, como acontece actualmente, só serve para odiarmos o nosso semelhante: O que é o homem? O que é que o dignifica? Quais as responsabilidades do homem para com o planeta? Também é preciso ensinar arte, porque a arte é aquilo que o homem tem de melhor, ensinar que o homem é um ser grandioso e que, do nazismo ao comunismo, todas as desgraças que tem vidido são produto dessa ausência da noção do homem global."

"Um operário é um ser igual a um engenheiro. A minha ideia é que, para o homem poder construir a sua vida em liberdade de ação, de oportunidades  e de escolhas, é preciso instituir uma meritocracia, uma palavra inexistente na língua portuguesa. As pessoas devem ser avaliadas pelo seu desempenho. E não me escandalizaria que um indíviduo com altas capacidades mas com baixo desempenho fosse remunerado abaixo de um indíviduo com poucas capacidades mas com elevado desempenho."

"As pessoas têm uma grande incapacidade de pensar à luz de uma realidade que não é a sua."

Ideias utópicas ou não... é certo que necessitamos de mudança!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Coisas que temos de engolir...

os portugueses têm a obrigação de prevenir as doenças, garantindo assim a «sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS)» afirmou na semana passada o secretário de Estado da Saúde. Poucos dias depois a DGS propós uma série de pistas para uma alimentação económica e simples.

Ora querem-nos impor sermos saudáveis! Como se de uma escolha se tratasse. Concordo que uma alimentação rica e equilibrada, excercício físico e bons hábitos contribuam para a nossa qualidade de vida... porém não são estas 3 coisas por si só que farão de nós seres saudáveis. Não se pode desassociar o bem estar-físico do bem estar-psiquico! E aí, aí reside o bulís da questão... quem é que com esta crise à porta consegue ainda andar sorridente, confiante, motivado, tranquilo e feliz??? Vamos resistindo e lutando contra as depressões, os esgotamentos... mas surgem e não se combatem com alimentação económica e simples...

Já agora querem vir jantar lá a casa à luz de vela?
E ajudar a preparar as refeições económicas e simples?
Lavar a louça com água da chuva aquecida à lareira?
Ainda ofereço um resto de café que ficou da semana passada!!!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Aliviar a pressão profissional


Hoje mais uma vez vou aproveitar as minhas leituras para fazer um post. A crise está instalada nas nossas vidas, e admito que me sinto muito céptica sobre todas as medidas que têm vindo a ser tomadas. Não consigo acreditar que elas sejam a solução para se sair deste imenso buraco.

Chegamos a um ponto em que acho que só mudando toda a organização da sociedade, redefinindo os objectivos e as prioridades é que conseguimos reequilibrar o barco.

Não me alongo mais sobre estas minhas ideias, por dois motivos: por um lado teria que me alongar demasiado, e por outro lado elas carecem de amadurecimento.
Embora eu não me sinta preparada para aprofundar esta temática, há quem o faça e sem medos ou pudores escreva o que lhe vai na alma. Dei uma rápida olhada na mais recente edição da revista Biosofia e gostei muito de ler o editorial de José Manuel Anacleto, que vai de encontro às minhas ideias. Vivemos numa sociedade em que o individuo cada vez se assemelha mais a uma máquina: há que produzir, produzir, consumir, consumir! E o resto que faz de nós seres humanos? Onde está? Que tempo nos resta para sermos pessoas?

“A prova de que as pessoas são máquinas e estabeleceram o culto universal das palas da especialização instrumental, é que hoje os jovens não são educados e instruídos para se engrandecerem cultural e vocacionalmente, e sim apenas para se alistarem nas filas de profissões que acumulam dinheiro e interessam e alimentam o monstro voraz que é o regime. Os estudos são formatados em função do “mercado de trabalho” (triste expressão, só por si significativa).
Quem consagra oito, dez, doze e mais horas da sua vida diária a uma profissão (e necessária viagem de ida e regresso), e chega à noite em casa exaurido para então enfrentar os deveres para com a família, não pode ter tempo nem espaço interior para deixar que emerja e germine o verdadeiro potencial próprio, que todos temos. A esmagadora maioria da população mundial está assim condenada à asfixia e inibição de toda esta riqueza, a mais importante e válida de todas.”

Leiam, o texto (aqui) pois é de facto interessante.