segunda-feira, 16 de julho de 2012

Fui à biblioteca...

As minhas leituras nunca estão em dia e creio que nunca vão estar. Ando a ler "As irmãs Aguero" da escritora Cristina Garcia e embora ainda não tenha chegado a meio estou a gostar e com certeza não o vou abandonar até chegar à última página, ao último capítulo, à última palavra. E se de facto a história me continuar a envolver como está a fazer, vou fechar o livro com saudades. Acontece-me sempre que leio um bom livro: sentir o desejo de prolongar a história.

Apaixonada como sou por livros e leituras nunca tenho apenas um livro na mesinha de cabeceira, mas sim uma pilha deles e hoje na biblioteca resolvi requisitar mais um: Interiores de Pedro Strecht. Um livro sobre a vida emocional dos filhos que já andei a folhear e pelo pouco que vi conclui que a temática me interessa, não fosse eu mãe!

Li o prefácio, um pouco da introdução e resolvi partilhar a minha escolha com quem passa por aqui citando uma parte da introdução:

A criação


Criar é criar pessoas, é amar! Quer dizer que se adora!
Então cria-se e assim aparecem coisas.
(João Maria, 4 anos)

"Conhecer, amar ou outros, reconcilia-nos connosco próprios.
É bom estar fascinado pela beleza do mundo, que cor damos ao ar, que sabor tem a água, as pequenas coisas, todas as pessoas, o nome dos outros sobre nós inscrito. O encantamento mais profundo vive longe no canto secreto da vida, e é preciso descobri-lo lentamente, deixá-lo sair, transportá-lo ao colo, como aquilo que é frágil, tal e qual como um tesouro, pois todos os momentos quando bem vistos, têm tudo ou quase tudo, até mistério, do que podemos sentir para se sentir feliz.
Deixa-me sentar ao teu lado. Mesmo que não aconteça nada, isso é já muito, um começo. O gosto de acreditar no outro. É que há pedaços que só se colam assim, memórias que crescem então, conversas que se revelam súbitas, afinal inesperadas, como ramos de árvores, talvez. Sabes as noites que passamos em claro, depois de não saber que fazer aos dias? Têm iluminadas as estrelas, como reclames nas lojas das cidades, e todos veêm, mesmo quando não querem. Lembras-te ainda quando te ensinaram constelações? Era Verão, com toda a certeza, e perto de ti uma voz mais velha, segura, terna, plena de afecto, dizia «começa ali a Cassiopeia» que nessa altura ainda cabia toda na palma da mão.
«Mãe, pai, qual é o tamanho do mundo?»
«Se souberes onde está Vénus, a estrela que dizem de todo o amor, não te perderás nunca pela vida ou no entendimento do céu nocturno. Deixa brilhar a tua luz, e segue-a pelo caminho que te indicar.»

Este livro é sobre a vida. Sobre o que ela tem de mais pessoal, misteriosa e magnífica: a forma como cada um a vive no seu interior. Onde tudo começa e termina. E por isso, este livro é sobre o amor. O amor que une pais a filhos e filhos a pais, e todas as formas de amar possíveis. Sobre o nosso amor-próprio, mas sobretudo da capacidade de ter amor ao próximo. Porque sem isso, nada existe ou cresce bem. E com isso, tudo acontece, tudo se repara e multiplica. Ou pelo menos, o que do interior de cada um tem de mais poderoso, e que as crianças e adolescentes saudáveis tão bem expressam: o desejo de viver. E de todas as experiências de viver, as mais importantes da espécie humana são desde o primeiro momento do nascimento, a capacidade de sentir e de pensar. É sobre isso que fala este livro: de diferentes formas de viver a vida. Nenhuma igual. Todas tão comuns e, ao mesmo tempo, todas tão pessoais. Ainda bem, pois uma vida é o maior bem que vale a pena conhecer."

3 comentários:

  1. Percebo o que dizes... mas até é bom ver os livros e ver que ainda tenho tanto que ler... e reler...
    Agora estou a ler a biografia da Jaycee Dugard, a americana que esteve 18 anos em cativeiro, raptada...
    biju

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  2. Deve ser muito bom o livro. Gostei do que li :D
    até fiquei interessada.

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  3. Uma partilha emocionante.
    Gosto muito destes livros sobre a vida, os seus amores, as descobertas que fazem valer a pena.
    Um excerto muito lindo.
    Beijinho.

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