"- Ó meu Deus! - gritou, parece-me que é o Joãozinho!
A este nome o marquês ergueu os olhos e o carro parou.
- Mas é ele mesmo, o Joãozinho! E o gordo homenzinho, de um salto correu a abraçar o seu antigo camarada.
Joãozinho reconheceu Nicolino. A vergonha e as lágrimas cobriram-lhe a face.
- Abandonaste-me, diz Nicolino; tu és um grande senhor, no entanto eu gostarei sempre de ti.
Joãozinho, confundido e enternecido, contou-lhe, soluçando, uma parte da sua vida.
- Vem para a hospedaria em que me alojo contar-me o resto, diz-lhe Nicolino. Abraça a minha mulherzinha e vamos todos jantar.
Caminham os três a pé, seguidos da bagagem.
- Tanta bagagem! Pertence-vos?
- Sim. É tudo nosso. Chegamos da província. Dirijo uma boa oficina de ferro estanhado e de cobre. Casei com a filha de um rico negociante de utensílios necessários aos pobres e aos ricos. Trabalhamos muito. Deus abençoa-nos; não nos modificámos; somos felizes e ajudaremos o nosso amigo Joãozinho. Não queiras mais ser marquês, pois todas as grandezas do mundo não valem um bom amigo! (...)"
Excerto do conto Joãozinho e Nicolino de Voltaire
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