Será frieza? Coração duro? Distúrbio
emocional?
Às vezes questiono-me sobre o que
me preocupa e me afecta a mim, e o que preocupa e afecta os outros. A diferença
de impacto que os acontecimentos têm sobre cada um de nós.
Esta semana aqui nas redondezas
um acidente de carro vitimou um jovem. É triste? Claro que é. Uma vida jovem
perdeu-se, uma família inteira quebrou-se. Não choro por esta vítima. Nem devo
julgar outros que o fazem. Mas faz-me confusão como é que uma pessoa que não
conhecia o jovem se deixa afectar não dormindo uma noite inteira e passando um
dia inteiro desnorteada no trabalho sem fazer nada.
Quando foi o incêndio na Catedral
de Notre Dame em Paris também toda a gente estava em choque… tamanha tragédia
para a história da humanidade. Notícias sobre o acontecimento 24 horas por dia,
doações milionárias para a reconstrução. E eu? Triste, claro, mas seguindo em
frente.
Mas há coisas que me tocam, tocam
profundamente. Revoltam, angustiam, preocupam.
- Os milhares de crianças que
passam fome;
- Os milhares de crianças e pessoas
que vivem em cenários de guerra;
- Os milhares de migrantes que
fogem em desespero à procura de uma vida sem perigos, enfrentando o
desconhecido e esbarrando em portas fechadas;
- As alterações climáticas e as catástrofes
naturais consequentes;
- A poluição de cada canto e
recanto do mundo;
- A Amazónia, pulmão do mundo a
arder…
E poderia continuar a enumerar.
Disse ali em cima que não deveria
julgar. Mas questiono-me porque é que é que não ouço ninguém a falar ou não
vejo ninguém a preocupar-se com questões gigantescas que podem ter impacto em
todos nós e perante “pequenas coisas” agem como se da maior tragédia se
tratasse.