terça-feira, 9 de abril de 2019

Leituras em dia

Vamos lá fazer mais um update sobre as minhas leituras.
Ora como anunciei por aqui li e gostei de ler "Sabes quem é" de Karin Slaughter. Foi uma leitura empolgante, mas teve um senão... o tipo de papel com que o livro é feito. Arrepia-me mexer nele... o mesmo género de sensação provocado por um giz a raspar num quadro ou como a de ouvir esferovite a rasgar...
O livro que se lhe seguiu foi "Os luminares" de Eleanor Catton. Andei 2 semanas com ele a reboque, li 150 páginas, e depois dei-me por vencida. O livro está muito bem escrito, a história parece muito interessante, mas o ritmo é demasiado lento para uma leitora como eu, que lê 3 ou 4 páginas agora, mais 3 ou 4 páginas antes de adormecer... um dia quando tiver uma vida mais sossegada volto a pegar-lhe.
Lá voltei às estantes da Biblioteca para eleger novo livro para ler. Acabei por mais uma vez por escolher um thriller: O dia em que perdemos a cabeça de Javier Castillo que me agradou bastante, mas me deixou decepcionada no final. A história estava muito bem concebida, era intrigante q.b. mas o final foi uma coisa insípida, mal explicada e um tanto ou quanto confusa.

Intercalei a leitura deste livro com alguns poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen  e com "A poesia em prosa" de Baudelaire.
Agora estou finalmente a ler um livro que há muito me despertou a curiosidade. Chamavam-lhe Grace de Margaret Atwood. Comecei a lê-lo no fim de semana e é daqueles livros que me cativam e que me dão vontade de aproveitar todos os bocadinhos para ler mais algumas páginas. Estou super curiosa para descobrir como a história de desenrola e como vai ser o final.

Boas leituras!

Viver e sentir o momento.

Não sou daquelas pessoas que vive agarrada ao telemóvel, máquina de fotografar ou máquina de filmar. Não é que não goste de registar alguns momentos em fotografia, mas também não gosto do exagero. Ou seja fotografar tudo e mais alguma coisa e ainda por cima para logo de seguida ir postar numa qualquer rede social.

Gosto de viver o momento.
Gosto de ver o momento.
Gosto de estar presente.

Atrás de uma qualquer câmara parece que fico alheada. Parece que não estou ali por inteiro. Por isso prefiro guardar as vivências na minha memória e largar as máquinas para viver e sentir o momento.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

E ainda recebi um presente...

Pela minha leitura fui presenteada no fim do serão com um lindo livro da colecção "Literatura Portátil", da alma azul: Poemas em prosa de Charles Baudelaire.
E logo na badana li um dos textos de que mais gosto e não resisto em (novamente) partilhar no blog:
Devemos andar sempre bêbedos. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar.
Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: " São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude, a teu gosto.
Livros... haverá presente melhor?

Sobre ontem...


Estive de serviço até à meia-noite na feira do livro. Houve um evento sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, na evocação do seu centenário de nascimento. Interessantes conversas, interessantes leituras.
Também me coube, em jeito de surpresa, a leitura de um poema em voz alta.
Aqui fica...


Pátria

Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento

E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas

- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro

Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'