quinta-feira, 19 de setembro de 2013

40 horas de trabalho não é igual a mais produtividade

O alargamento do horário de trabalho está-me atravessado na garganta. Por mais que tente, que beba água, que reflicta, que ouça opiniões alheias, não o consigo engolir.

É um retrocesso nos nossos direitos! É uma redução de vencimento encapuzada. É uma farsa.

E justificar que é para nos aproximar do sector privado ou para aumentar a produtividade é pura demagogia.

O problema da falta de produtividade do nosso país não se resolve assim, criando desmotivação, não dando nada em troca, retirando espaço para uma vida familiar feliz.

Tentou-se (falo em relação ao meu serviço) implementar o SIADAP. Estabelecer metas e objectivos específicos. No pouco tempo que por aqui vigorou surtiu efeitos: todos nós produzimos mais e melhor. Mas parece que este sistema foi enfiado na gaveta…

Vamos pois ter que trabalhar 40 horas semanais, 8 horas diárias. O que significa estar 10 horas por dia fora de casa. Em casa sobra apenas tempo para a correr tratar das refeições e dos banhos, e depois dormir para repor energias para no dia seguinte voltar a produzir, ou talvez não.

E os nossos filhos? Onde ficam no meio disto tudo: 10 horas por dia “institucionalizados”, entregues a terceiros. Quais são os pais que podem ser responsabilizados pela sua boa formação se quase não há tempo para a dar? O que são afinal os pais: máquinas reprodutoras? Que incentivo existe para contribuir para o aumento da taxa de natalidade deste país? Cá por mim se queremos ter filhos, queremos passar tempo com eles, poder educá-los, poder estar presentes, acompanhá-los de perto. Não apenas alimentá-los, higienizá-los e enfiá-los na cama.

Estou revoltada, e cada vez mais desmotivada. Revolta-me ver que muitas, muitas pessoas aceitam esta medida sem questionar, defendendo-a veemente como se fosse a solução para a resolução dos males do nosso país. Entrega-se de mão beijada direitos pelos quais lutamos a vida inteira.

Em muitos países ricos e desenvolvidos o horário de trabalho é de 35 ou 37 horas por semana. Empresas de sucesso aplicam-no. Oferecem regalias aos seus funcionários. E eles produzem, e eles vingam. Qual é então a diferença? Como é que eles conseguem e nós não?

Se houvesse uma boa coordenação, motivação, organização e objectivos traçados, por cá em 35 horas conseguiríamos fazer muito mais do que se faz agora. Muito mais de que nas 40 horas que vamos ser obrigados a trabalhar.

2 comentários:

  1. E o que dizer do meu marido que pelo sindicato dos informáticos em direito a trabalhar 7 horas por dia, mas nunca pode usufruir por primeiro ser rv em Portugal e agora na França, apesar de ser funcionário, não o é do banco e sim de uma consultoria. Fica mal fazer o que é de direito e lá tem de fazer as oito hrs. Menos mal que agora mora bem pertinho do trabalho...
    Beijinhos

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  2. pois. e depois surgem como chicotadas as opiniões de colegas sobre a ausência de pais, sobre a importancia da familia, sobre sobre sobre... reina o sentimento de culpa e daqui a pouco não sei para onde estamos a caminhar, bjos

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