quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

2 anos e meio: periodo de transição, idade paradoxal


Como já devem ter notado em anteriores post's aqui do blog, o meu filhote está a passar por uma fase de mudanças. Inicialmente ainda pensei que pudesse andar a "chocar" alguma coisa... mas não anda, pois se assim fosse o mal-estar manifestava-se de forma mais equilibrada e não apenas em determinados contextos/ situações.

Resolvi por isso começar a pesquisar em alguns livros, e já encontrei um que decididamente vai fazer parte das minhas leituras para este fim-de-semana e não resisto em transcrever um pequeno excerto sobre os 2 anos e meio:

Se um grupo de pais fizesse uma votação secreta para determinar a idade mais arreliadora do período pré-escolar, é muito provável que essa honra coubesse à criança de 2 anos e meio, mercê da reputação que ela tem de passar dum extremo para o extremo oposto. (…)

A criança de 2 anos e meio acha-se num período de transição. Ela é fundamentalmente a mesma criança simpática que era aos 2 anos; e está a transformar-se numa agradabilíssima criança de 3. na verdade, mesmo agora há nela qualquer coisa de encantador, na sua energia, na sua exuberância despropositada (aparentemente), e nos sinais inconfundíveis duma sociabilidade embrionária, de prestabilidade e de imaginação que ela nos dá. Se esses sinais são confusos e compensados precisamente pelos seus contrários é porque a criança de 2 anos e meio se encontra numa encruzilhada do desenvolvimento do seu sistema de acção. Tem um trabalho muito grande a fazer como intermediária dos seus próprios impulsos em sentidos contrários. (…)

Por que razão vai ela até esses extremos arreliadores? É porque o seu domínio do sim e não, do ir e vir, do correr e parar, do dar e receber, do pegar e largar, do puxar e empurrar e do atacar e recuar se encontram em perfeito equilíbrio. A vida está cheia de alternativas. Todos os caminhos da cultura são, para ela, vias de trânsito nos dois sentidos, devido à sua grande inexperiência. O seu sistema de acção é, semelhantemente, um sistema de dois sentidos, cujas alternativas são quase de igual modo aliciantes, devido a ela ser tão imatura. A sua situação de equilíbrio é instável porque os seus mecanismos inibitórios são ainda muito imperfeitos. Além disso, a vida e o ambiente afiguram-se de tal maneira complexos, nesta fase de transição, que a criança é quase obrigada a ir por ambas as vias, a experimentar ambas as alternativas, para poder descobrir qual é realmente a boa. Não há motivos para desesperar, se ela experimenta as duas vias e nos experimenta também a nós. Quando ela tiver 3 anos, o seu amadurecimento será já, comparativamente, tão grande que sentirá verdadeiro prazer em que lhe peçam que escolha entre duas alternativas familiares.(…)

Os dois anos e meio são a idade paradoxal.”

Arnold Gesell in A criança dos 0 aos 5 anos


2 comentários:

  1. Ou como diz uma amiga minha, estão na 1ª adolescência e nós pais precisamos de uma enorme dose de paciência.
    Bjs e boas festas

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  2. Tens à espera no meu blog um selinho de leitura.
    Bjs

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