A navegar por aí econtrei um excelente texto que reflecte sobre os limites que impomos ou não aos nossos filhos. Porque tenho uma criança para educar e porque quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance para a tornar feliz e confiante a educação é uma temática que me interessa, e muito. Embora siga quase sempre o meu instinto, este é moldado pelas minhas vivências e experiências e também pelas muitas leituras que faço.
Não recorro a castigos (pelo menos por agora) e quando o meu cachopo "estica a corda" o que faço é falar com ele de forma carinhosa mas tentando manter-me firme. Como diz o texto tento ser tradutora da realidade que o rodeia. Também quando há uma birra tento compreendê-lo, novamente falo com ele e sim recorro ao abraço para sossegá-lo. Acho que a melhor educação é aquela que passa pelo carinho, pela compreensão e pelo diálogo.
LIMITES por Mónica Pina
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http://www.facebook.com/notes/m%C3%B3nica-pina/limites/10151013508797082
Fala-se muito de limites na educação das crianças.
A forma como essa questão é abordada parece-me frequentemente artificial. "É importante pôr limites às crianças". Limites como? Que limites? Porquê? Baseado em quê?
Parece quase um exercício de sadismo: "Eh pá, hoje ainda não pus limites ao meu filho, deixa-me lá frustrá-lo um bocadinho senão ainda se habitua mal!".
Pressupõe várias coisas questionáveis.
Pressupõe que os pais conseguem adivinhar tudo aquilo que os filhos sentem, quando na verdade todas as crianças, tal como todas as pessoas, têm uma vivência que é impossível conhecer na íntegra (é a inelutável solidão do ser humano!). Como é que eu sei se a criança não passou já por uma boa dose de frustração ligada aos limites do Mundo? Ao facto de que as paredes são duras, ao facto de que não é possível mover os objetos com o poder da mente, ao facto de que a mãe está ali em vez de aqui, onde eu precisava dela... Como é que eu posso avaliar o que é um limite para, por exemplo, uma criança de 7 meses? 1/2 hora de frustração? Alterno um sim e um não? Ou guio-me pelo quê? Pelo que diz o expert de pediatria do momento?
Depois pressupõe que a educação é um exercício sadomasoquista e desagradável. Quando educar pode ser uma descoberta mútua. Um caminho por vezes pedregoso mas bonito.
Quando uma criança pré-verbal encontra um limite, a última coisa que precisa é de um progenitor que ainda junte mais frustração àquilo que ela precisa de elaborar.
Não faz mais sentido que sejamos "tradutores" duma realidade dificilmente compreensível? Não faz mais sentido pensar que uma criança que não é frustrada arbitrariamente para fins educativos mas acompanhada nas suas frustrações, respeitada nos seus sentimentos, com pais que lhe interpretam com palavras esses sentimentos, desenvolva melhor capacidade de adaptação às adversidades da vida, porque parte duma base sólida e segura? Porque quando estava confusa e frustrada teve quem a apoiasse?
Mais ou menos o mesmo vale para as birras. Quem conseguir afastar-se um pouco emotivamente e utilizar aquela característica maravilhosa que é a compaixão, nunca torcerá o nariz quando vir uma criança fazer "birra". Terá pena do puto. Pena dos pais. Tentará distrair o puto e aliviar os pais, em vez de se armar em juiz. Os putos fazem birra, tal como nós, mas têm menos capacidade de limitar a expressão dela. Se calhar eu não bato os pés nem grito mesmo quando tenho vontade (e faço eventualmente lapsos para compensar... Ou engulo e faço-me vir uma úlcera no estômago...). Mas uma criança não tem a capacidade de engolir. Quando entra em overload, por assim dizer, grita e berra, e muitas vezes a única coisa que se pode fazer é abraçá-la. Contê-la. E às vezes isso é muito mais difícil do que lhe dar um estalo e mandá-la para o quarto. Muito mais... porque implica ultrapassar o próprio passado, ou aquilo que é o "normal".
Fala-se muito de limites na educação das crianças.
A forma como essa questão é abordada parece-me frequentemente artificial. "É importante pôr limites às crianças". Limites como? Que limites? Porquê? Baseado em quê?
Parece quase um exercício de sadismo: "Eh pá, hoje ainda não pus limites ao meu filho, deixa-me lá frustrá-lo um bocadinho senão ainda se habitua mal!".
Pressupõe várias coisas questionáveis.
Pressupõe que os pais conseguem adivinhar tudo aquilo que os filhos sentem, quando na verdade todas as crianças, tal como todas as pessoas, têm uma vivência que é impossível conhecer na íntegra (é a inelutável solidão do ser humano!). Como é que eu sei se a criança não passou já por uma boa dose de frustração ligada aos limites do Mundo? Ao facto de que as paredes são duras, ao facto de que não é possível mover os objetos com o poder da mente, ao facto de que a mãe está ali em vez de aqui, onde eu precisava dela... Como é que eu posso avaliar o que é um limite para, por exemplo, uma criança de 7 meses? 1/2 hora de frustração? Alterno um sim e um não? Ou guio-me pelo quê? Pelo que diz o expert de pediatria do momento?
Depois pressupõe que a educação é um exercício sadomasoquista e desagradável. Quando educar pode ser uma descoberta mútua. Um caminho por vezes pedregoso mas bonito.
Quando uma criança pré-verbal encontra um limite, a última coisa que precisa é de um progenitor que ainda junte mais frustração àquilo que ela precisa de elaborar.
Não faz mais sentido que sejamos "tradutores" duma realidade dificilmente compreensível? Não faz mais sentido pensar que uma criança que não é frustrada arbitrariamente para fins educativos mas acompanhada nas suas frustrações, respeitada nos seus sentimentos, com pais que lhe interpretam com palavras esses sentimentos, desenvolva melhor capacidade de adaptação às adversidades da vida, porque parte duma base sólida e segura? Porque quando estava confusa e frustrada teve quem a apoiasse?
Mais ou menos o mesmo vale para as birras. Quem conseguir afastar-se um pouco emotivamente e utilizar aquela característica maravilhosa que é a compaixão, nunca torcerá o nariz quando vir uma criança fazer "birra". Terá pena do puto. Pena dos pais. Tentará distrair o puto e aliviar os pais, em vez de se armar em juiz. Os putos fazem birra, tal como nós, mas têm menos capacidade de limitar a expressão dela. Se calhar eu não bato os pés nem grito mesmo quando tenho vontade (e faço eventualmente lapsos para compensar... Ou engulo e faço-me vir uma úlcera no estômago...). Mas uma criança não tem a capacidade de engolir. Quando entra em overload, por assim dizer, grita e berra, e muitas vezes a única coisa que se pode fazer é abraçá-la. Contê-la. E às vezes isso é muito mais difícil do que lhe dar um estalo e mandá-la para o quarto. Muito mais... porque implica ultrapassar o próprio passado, ou aquilo que é o "normal".
A ideia de habituar as crianças à adversidade começando a propor-lhes, desde tenra idade, pequenas doses de sofrimento (infligido pelos pais, o que tem um peso muito maior e é quase perverso, se pensarmos bem) é a mesma dos que sustentam que bater nos filhos é equipá-los para gerir a violência no mundo. Não estou a falar genericamente, mas de conversas tristes que ouvi ou tive, conversas que me fazem oscilar entre a indignação e a tristeza pelo sofrimento que vejo nos olhos dos miúdos.
A mim arrepia-me ouvir os pais oferecerem pancada ou castigos como método de controlo dos filhos.
Como é que a habituação à violência pode ser uma solução seja para o que for? Como é que uma criança pode desenvolver o sentido de justiça se desde jovem for humilhada pelos mais fortes e poderosos e isso passar a ser a norma?
A mim parece-me que este discurso terá surgido, tal como a "normalização" da alimentação infantil, durante o fascismo. Tenho um livro para ler sobre isso...
Nada disto significa que tenhamos que dizer sempre que sim. Diz-se que não, mas acompanha-se a frustração que esse não provocar.
Detesto a pancada como método de educação. Sei que por vezes é preciso uma palmada, mas isso não significa tareia.
ResponderEliminarLimites sim, mas com mimo e educando. As crianças são seres humanos, não bonecos para serem manipulados, nem adultos que sabem tudo.
Bjs
A educação é um tema sem consenso. Porque se trata de pessoas que socializamos.
ResponderEliminarComo a educação não é só propria dos pais, há tanta coisa que lhe escapa na vida dos filhos, mesmo os mais pequenos. Eu contrario a opinião acima. As crianças precisam de limites, sim, saber que não são o centro do mundo e que têm de respeitar os outros se querem ser respeitados.
Muito há a dizer sobre esta assunto. já li muitos livros e é engraçado ver como psiquiatras, psicólogos,pediatras raramente estão de acordo.
A educação presupõe muito amor, tempo, atenção e só educando é que se aprende.
Teorias? cada criança é única, como pode haver fórmulas?
Um beijo